sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sobre os próximos dias...

Em época de fim/começo de ano, parece que paira no ar uma áurea que nos instiga a refletir, a buscar respostas para aquilo que fizemos (ou deixamos de fazer, na clássica ação por omissão) e com elas as frustrações são substituídas por um sentimento de confiança, de (boas) expectativas.
Diria eu que seria o 'silêncio que precede o esporro'.

Bom, parece que esse momento reflexivo ainda encontra-se presente e continuo a pensar sobre o que fiz e o que pretendo fazer (E olha que estou super produtivo, nessa primeira semana conclui com o check list das 'promessas' em sua totalidade... Tá, faltou uma coisa mas já estou providenciando.. rsrs... e como sempre, eu divago!).

Dessa inflexão sobre os dias que se passaram e sobre os que estão por vir, um ponto parece-me fundamental e tirei ele de um livro a tanto esquecido em minha modesta estante... Trata-se do A Sociedade do Espetáculo, do francês Guy Debord. Nesta obra o autor trata, em suma, sobre o papel dos ídolos, da fantasia, dos ícones de nossa sociedade na manutenção do status quo desta. Fundamenta seu posicionamento afirmando que a maioria de nós vivemos uma vida tão carente de emoções reais e criativas; uma vida tão dominada pela necessidade do trabalho para sobrevivência; uma vida tão fútil, que é necessário preencher este vazio com alguma projeção – neste caso, esta projeção, esta perspectiva é a alienação. Passamos a relativizar os nossos feitos em detrimento dos feitos dos ícones, abrimos mão da nossa realização desde que vejamos esta realização em outro lugar.

“O espetáculo consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. O espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. É a forma mais elaborada de uma sociedade que desenvolveu ao extremo o ‘fetichismo da mercadoria’ (felicidade identifica-se a consumo). Os meios de comunicação de massa são apenas ‘a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores’”. - trecho de A Sociedade do Espetáculo

Agora, como romper com essa dinâmica imposta (por quem?) e aceita (por nós!)????

Será que antes de rascunhar os projetos não seria interessante discutirmos o porque destes? Será que não está na hora de o consumo ficar para 3, 4, 5o plano? Será que não está na hora de começar-mos a enxergar? Será que não está na hora de viver de forma plena (incluindo aqui tudo o que esta expressão pode significar)?

Confesso que estou 'com a pulga atrás da orelha' (e divagando como nunca...)


Feliz Ano Novo, galera!