terça-feira, 13 de julho de 2010

Há racismo no Brasil?!

Infelizmente, há!

E este se dá de uma forma perversa, a todo momento... sem cessar!

Em nosso dia-a-dia nos deparamos com situações que são verdadeiros atentados à dignidade da pessoa humana. 

Dias atrás fui acionado por uma pessoa que, naquele momento, acabará de presenciar uma cena ridícula - mas rotineira - de agressão racial. No mesmo instante fui ao local para averiguar o ocorrido e orientar a vítima sob como proceder.

Ao chegar no local o agressor já havia se retirado.

A vítima, aos prantos... Cena deplorável.

Pior ainda por ter se dado entre colegas de sala de uma turma do ensino superior... Aqui não cabe dizer qual instituição ou mesmo o nome dos envolvidos, vou me restringir ao fato em si e o que ele representa em nossa sociedade.

Deparando-me com a vítima naquele estado, e sem ter como acionar a Polícia para o flagrante uma vez que o agressor já não estava mais lá, optei por levá-la à Delegacia para lavrarmos um Boletim de Ocorrências.

Chegamos na central de atendimentos da Polícia Civil de MT, esperamos um bom tempo até sermos atendidos - isto cabe noutro post - e ao sermos atendidos a constatação mais triste que poderia ter. 

A servidora responsável pela redação do Boletim soltou "pérolas", uma atrás da outra, tão ou mais pesadas do que as que nos motivara a ir àquele local.

Coisas do tipo: "Isso é um absurdo, há muitas pessoas da sua cor que já se deram bem na vida." "Eu conheço negrinhos bem trabalhadores." "Mais você é tão bonita, porque ele te chamou de Preta?" E daí por diante...

Mais dolorido ainda foi ver nos olhos da - novamente - agredida que aquilo era normal, era rotineiro. Seu semblante não se alterou diante daquelas fétidas palavras, agia de forma muito natural. Aquilo partiu o meu coração - desculpem-me pelo clichê, mas foi assim que me senti.

A vontade era a de lavrar outro boletim de ocorrências, agora contra a própria servidora... Mas fiquei atônito com a cena, não conseguir sequer esboçar uma reação.

Desde então, reflexões me vieram... E divago...

Ai, assistindo ao excelente Ó PAI Ó com os fenomenais Lázaro Ramos e Wagner Moura, me deparei com uma cena na qual eu escutei o grito que eu gostaria de ter escutado naquela noite... Desejo que este e todo o seu significado ecoe por nossos pensamentos, ecoe em nossa sociedade... 

Segue abaixo o grito... que muitos ainda guardam consigo...